quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sonhei que tudo era mentira sonhei...


Sempre quiz usar dreadlooks. Desde pequenininho.
Não tão pequeno, rsrsrs.
Quando tinha meus 16 anos conheci o Zito - até hoje ele é o meu melhor amigo. As vezes ficamos varios dias sem se falar, mas ele está lá para mim, e eu estou aqui para ele. E sempre que falamos ou estamos juntos é uma festa.
Bem no principio da nossa amizade aconteceu algo que me fez sonhar com os dreds. Zito encontrou um CD antigo do Bob Marley entitulado ''soul rebel''.
E meio desinteressados colocamos a tocar. A primeira musica era exceçente, começava logo dizendo:
''Eu sou um rebelde, uma alma rebelde..."
Aquilo era profundo...
'' Veja o sol da manha, o sol da manhã
Ao lado da montanha,
Se você não esta viajando, viaje
Você tem que viajar..."
Ouuuuuuuuuu...
Quem nunca quiz viajar?
Me identifiquei com aquilo, o som, a letra, a musica, a vibração - tudo era tão positivo!
E sem que nós quisessemos, a primeira terminava e misticamente entrava a segunda...
Chorei a primeira vez que ouvi, e continuo chorando até hoje toda vez que oiço ''Chances are''.
Nela o Bob dizia:
''Embora meus dias são preenchidos de tristeza eu vejo anos brilhantes amanhã...
Lidar com a solidão, eu vou derramar algumas lagrimas...
Chances, nós teremos de vencer...''
Não era apenas essas duas, tinha muito mais: stir it up, put it on, sun is shinning, reaction, no water, there she goes e por ai.
Só que aquele disco não era apenas um cd de reggae. Era O CD DE REGGAE, puro som, musicas puras ali, dos anos 60, epoca em que o reggae era virgem e ainda não estava sendo consumido pela Europa, pela América... Dava pra sentir a voz do Bob ou do Peter Tosh com emoção sabes, profundo... E o ritmo, sim o ritmo era black, africano.
Naquele cd só podiamos ouvir algumas musicas, outras não dava porque a superficie estava demasiado discada.
E eu e meu amigo passavamos noites em branco ouvindo e falando sobre, muitas traduções saiam imaginarias, mais pelo ritmo do que pelas letras.
Poucas pessoas sentiam o que nós sentimamos.
Naquela epoca descobrimos que queriamos ser rastaman's.
Poooo já passaram quase 10 anos. Nem eu, nem o Zito usa cabelo com dreads.
Acredito que muita gente me considera louco, só pelo facto de viver a vida dizendo que sou um rasta...
''Rasta??? Mas sem cabelos??? kkk''
E quem disse que o rastaman é aquele que usa dread?
Sim, também é, mas nem todo cara que usa dreadlooks é rasta, assim como nem todo cabeça rapada é crazy baldhead.
Yah, eu sou rasta, desde minha nascença. Principalmente porque eu sinto, fecho os olhos e acredito, eu supero todos os demônios do Mundo com amor... E sempre olhei para dentro de mim, nunca me preocupando com o que os outros dizem ou fazem, eu sempre me preocupei com as coisas certas.
E usar dreadlooks é o certo, porque nele está a força, a vitalidade do Homem.
Como pode o Homem repudiar, cortar algo que Jah deu pra ele???
Eu não cairei, embora muitos no Mundo continuem caindo. Porque cada um pagará por seus atos quando um dia - mais lá para frente - estivermos na frente do Pai.
Então deixarei meus cabelos livres. Jah Rastafar I.

Gonçalo Lacerda.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Capitalismo versus Comunismo.


Quando vivia na casa de meus pais era um dos poucos patinhos feios.
Desde muito cedo meus pais nos passaram o seguinte diferencial: alguns filhos eram mais beneficiados e outros um pouquinho muito menos beneficiados.
Então era bem comum ver alguns de nós comendo bife e fritas, e outros arroz, ou massa. Às vezes minha mãe trazia sorvete de morango, mas era só para os escolhidos. Às vezes havia saídas para parques de diversão, ou para o cinema, ou até mesmo para ir à casa de algum familiar, mas esse era um privilégio de poucos irmãos, só alguns iam. Aliás, eu nunca estava incluído nesses momentos divertidos, eu era um dos patinhos feios.
Nem vou me prolongar mais nessa historia fictícia. Ela é horrível, demasiado dura, até acredito que pai algum cria esse ambiente em casa.
Minha família sempre foi numerosa. Cresci com seis irmãos de sangue e mais três adotados. Sempre dividi meu quarto com vários irmãos. E na mesa nunca tinha lugar pra todos ao mesmo tempo, hehehe, então se priorizava os mais velhos.
As prioridades em minha casa nunca foram relacionadas a ‘’patinhos feios’’ ou ‘’patinhos lindos’’, mas havia prioridades: quando tínhamos pouco leite, a prioridade era para os mais novos. Quando aprontávamos, os mais velhos normalmente apanhavam, os mais novos não.
Hoje o Miguel me falou que não estava gostando nada ‘’desses meus pensamentos comunistas’’, mas raios, qual é a diferença entre os pais da minha história fictícia, lá de cima e o Capitalismo Imperialista?
O presidente Lula criou a ‘’bolsa família’’, uma renda para famílias que não possuam possibilidades de sustento próprio - e muitos brasileiros o crucificaram.
Obama pretende modificar o programa de saúde dos EUA, de forma que quem não tiver possibilidades de pagar o tratamento, seja tratado por conta do Estado – e muitos Americanos estão contra.
Em Cuba os médicos e os professores recebem um salário básico do Estado, e não recebem pessoalmente dos pacientes, aliás, o serviço de saúde em Cuba é gratuito. O serviço educacional também. Mas Cuba é socialista, e sofre sanções econômicas do Mundo inteiro, porque o comunismo é criminoso.
Sabiam que grande parte da população Norte-Americana defende que os pobres não merecem caridade porque se são pobres é porque não lutaram para não ser (pelo menos os Republicanos defendem).
E o José Serra já me deu mostra que é à favor da desigualdade entre os brasileiros, aquele papo dele de que o Lula criou demasiados impostos e que o povo brasileiro esta demasiado sobrecarregado de impostos me parece elitismo. Ele só está preocupado com os impostos dos ricos capitalistas brasileiros. Só por essa sede hierarquica, darei meu voto a Dilma, a primeira mulher eleita presidente da Republica do Brasil.
Até vou encerrar aqui esse papo sobre capitalismo versus comunismo.
Não sou comunista, mas também não sou capitalista. E assumo que tenho uma grande inclinação pela teoria comunista, porque a considero social, considero o socialismo como a política em que fui criado, meus pais sempre trataram de todos os filhos por igual, e passamos por diferenciações, mas eram diferenciações simples, humanas, compreensíveis. E eu não entendo quando tentam me convencer que algum filho tenha milhões e outro filho não tenha sequer tostões, para comprar um pão.

Gonçalo Lacerda

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Somos o que compartilhamos...


‘’NUNCA GOSTEI DE PEDIR AJUDA. Desde muito pequena, eu fiz tudo sozinha tudo o que pude, fosse a lição de casa, cortar o bife ou me arrumar para o aniversário. Aprendi em algum lugar a palavra ‘’auto-suficiência’’ (vai saber onde) e dizia que era isso que eu queria ser quando crescesse: nunca precisar de ninguém para nada.
Tinha uns 8 anos quando minha mãe me levou a uma psicóloga, preocupada com que isso não fosse coisa de criança. A moça a tranqüilizou: era só meu jeito. E continuou mesmo a ser por muito tempo. Detestava os trabalhos em grupo e os esportes coletivos. Se, para felicidade da classe, a professora deixava responder a prova em dupla, eu pedia pra fazer sozinha. Eu tinha uma boa turma de amigos – que dura até hoje – mas preferia mesmo era contar comigo: as pessoas eu desconfiava, sempre davam muito trabalho ou me deixavam na mão. Metida, eu achava que as coisas sempre saiam melhores (ainda que custasse muito mais) se resolvesse do meu jeito.
Precisei ficar sozinha de verdade para entender o quanto estava enganada. Foi quando a minha filha nasceu, e eu me vi mãe solteira e de primeira viagem, mal tendo completado 18 anos, em uma cidade onde não tinha família nem conhecia ninguém. Entre trabalhar e estudar, cuidar de criança e casa, percebi a duras penas que não conseguia fazer tudo sozinha. E, por ter resistido tanto tempo, nem mesmo sabia como pedir ajuda.
E ai surgiram elas. Quatro amigas de faculdade, que não só roubaram meu orgulho besta sem me pedir licença, como também mudaram a minha vida – e, para ser sincera, salvaram-me de mim mesma.
A Ana me conheceu ainda grávida e amarrou meus sapatos quando minha barriga estava tão grande que eu já não enxergava os pés. Enquanto a turma de calouros marava a noite em festas, ela se mudou para minha casa para me acompanhar na aventura de cuidar de um bebê. Nas festas da escolinha e reuniões de pais, era meu par: amigos são família também.
A Camila veio depois. Moramos juntas por anos, na época da faculdade e depois, quando mudamos para São Paulo. Dividimos o teto, a vida e tudo o mais: o dinheiro, os trabalhos da faculdade, as roupas, os segredos do coração, os problemas mais escabrosos e até a educação da minha filha. Nossos assuntos nunca tinham fim.
Já a Carol foi a melhor babá do Mundo para que eu pudesse assistir as aulas de noite. Ela saia do outro lado da cidade para dar carona nos dias de chuva, me deu seu lugar numa bolsa da faculdade e nos levou para sua casa, garantindo almoços de domingo incríveis, quando não tínhamos grana nem para um miojo...
Elas fizeram mais por mim do que eu jamais poderei retribuir. E, porque estávamos juntas, fiz mais do que jamais teria conseguido sozinha.
Por causa delas, entendi que pedir ajuda, ou trabalhar em grupo não me torna mais fraca. Ao contrário: só amparada tenho força (e mãos, idéias, apoio, confiança) para realizar o que preciso. Antes, eu pensava que corajoso era quem se resolvia por si mesmo. Que grande bobagem: coragem tem quem dá a mão para pular junto.
E essa descoberta tem moldado meu mundo desde então... Na verdade não sou nada sozinha. São as companhias que me tornam melhor – e despertam o que tenho de melhor’’.

Roberta Faria
Editora chefe da revista SORRIA

Não pude deixar de homenagear essa excelente narrativa sobre o papel da amizade e dos amigos em nossa vida. A Roberta está de parabéns pela linda maneira como expos sua experiência ao longo dos anos.

PS: Por favor comprem sempre a revista SORRIA, o valor arrecadado vai para o apoio a doentes com cancer (100%)

Gonçalo Lacerda

segunda-feira, 7 de junho de 2010

E de manhã eu vou estar lá pra te olhar...


Normalmente nunca durmo com vontade de fazer algo diferente.

Sempre que me deito, sinto-me completo, realizado... Sinto que naquele dia dei de mim tudo e fiz tudo.

Já faz algum tempo que fui operado a cabeça. Um dia depois de sair do bloco operatório estava deitado na cama, ainda meio dopado por causa dos medicamentos quando comecei a ter uma convulsão. Vi minha voz a se ir, o ar começou a escassear, o meu corpo a tremer fortemente, tudo muito rápido, mas eu via isso calmamente, os gritos eram internos, como num pesadelo, até que a luz se apagou. Tive os meus segundos... Os segundos que nos fazem perceber o quão frágil é a linha entre a vida e a morte.

Desde esse instante vivo sempre intensamente, sem deixar de dizer ou fazer alguma coisa.

E assim foi minha vida até te encontrar Larissa, apareceste e me fizeste dormir com muitas coisas por fazer... Palavras por dizer...

Quantas foram às vezes que quis te sugerir um almoço em tua casa... Tu dando a coca e eu fazendo a comida?

Ou mesmo em minha casa... Quantas?

E quantas vezes quiz te ver e quis rir contigo ou apenas estar?

Mas hoje sabes o que me dizes?

Que te foste e que não vives mais em Lins...

E eu voltei a lembrar que a vida não é só certeza.

E que deixar pra amanhã o que por momentos queremos fazer hoje é um erro muito grave, porque o amanhã quase sempre chega... Mas nem sempre chega do jeito que projetamos... Que planeamos.

Não quero projetar o que será do nosso próximo encontro, mas quero te dizer que muitas vezes me prendi, quando simplesmente queria te dar um abraço, ou simplesmente olhar pra ti, longamente, longamente, longamente...

Gonçalo Lacerda

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os homens


Tenho uma amiga que sempre chamo de Globeleza...
Esse nome principalmente pelas excelentes curvas... Autentica beleza!
Hoje enquanto conversávamos me disse algo que intrigou, ela disse: é, infelizmente não podemos escolher de quem gostar não é?
Pensei e decidi escrever. Será que não temos mesmo opção de quem gostar?
Um dia descobri que toda mulher sonha encontrar um príncipe encantado, e que normalmente só ficam com os sapos, enfim...
Eu quero deixar algumas verdades aqui.
A primeira e mais importante: príncipes encantados não existem!
Sapos existem, e homens que não são sapos também.
É isso mesmo. Certamente poderás ter ouvido isso algumas vezes, mas afirmo com propriedade. Não é desabafo. É palavra de homem que conhece muitos homens e que conhecem, por sua vez, muitos homens.
Nem vou me prolongar falando de exemplos de homens capazes de usar e abusar das mulheres simplesmente como fonte de seu prazer há muitos.
Mas não são todos assim.
A meu ver a maior inteligência feminina consiste em identificar, saber diferenciar e selecionar, apenas isso. E nem vale dizer que no principio todo sapo parece um príncipe, porque também já vi que isso não é verdade.
Como esse jovem que está te paquerando tratou sua antiga namorada?
Porque achas que a ti fará diferente?
Como ele trata as outras mulheres?
Por que achas que a ti tratará diferente?
E já agora, o defeito não está em ser ou não ser fácil. Porque embora as mulheres pensem de outro jeito, nós amamos mulheres fácies. Adoramos! Todo homem sabe que não existe mulher santa. Portanto quem quiser encontrar sua santidade, vai à igreja. Ninguém gosta de cú doce, especialmente pela concorrência atual do mercado.
Na verdade o mais certo é procurar ‘’imperfeito mais perfeito’’, porque há diferenças no tratamento que receberás de um homem que te trai e amanhã tu ficarás - a saber - de tudo detalhado de um homem que te trai e tu nunca ficarás - a saber.
E nem percas tempo procurando um homem fiel, esses também não existem, os homens são diferentes dás mulheres, nenhum homem é fiel, mas pode estar fiel, nem te iludas porque ‘’ser’’ é diferente de ‘’estar’’.
A única excepção é o crente extremamente convicto. Procura um crente daqueles bitolados, mas depois agüenta as outras conseqüências.
Nem adianta ficar desesperada após saber disso, a verdade é que o homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo. A traição do homem é hormonal, efêmera, para satisfazer a lascívia.
Diferente da feminina ne... A mulher precisa de um motivo para trair, já o homem só precisa de uma bunda.
Não quero que a minha amiga fique desencantada com a vida pela decepção vivida.
Porque principalmente a vida não começou ontem e nem vai terminar amanhã... Estamos aqui de passagem, e a caminhada será mais favorável pra nós se formos moldáveis como a água, e não já formados como os sólidos.

Gonçalo Lacerda