segunda-feira, 7 de junho de 2010

E de manhã eu vou estar lá pra te olhar...


Normalmente nunca durmo com vontade de fazer algo diferente.

Sempre que me deito, sinto-me completo, realizado... Sinto que naquele dia dei de mim tudo e fiz tudo.

Já faz algum tempo que fui operado a cabeça. Um dia depois de sair do bloco operatório estava deitado na cama, ainda meio dopado por causa dos medicamentos quando comecei a ter uma convulsão. Vi minha voz a se ir, o ar começou a escassear, o meu corpo a tremer fortemente, tudo muito rápido, mas eu via isso calmamente, os gritos eram internos, como num pesadelo, até que a luz se apagou. Tive os meus segundos... Os segundos que nos fazem perceber o quão frágil é a linha entre a vida e a morte.

Desde esse instante vivo sempre intensamente, sem deixar de dizer ou fazer alguma coisa.

E assim foi minha vida até te encontrar Larissa, apareceste e me fizeste dormir com muitas coisas por fazer... Palavras por dizer...

Quantas foram às vezes que quis te sugerir um almoço em tua casa... Tu dando a coca e eu fazendo a comida?

Ou mesmo em minha casa... Quantas?

E quantas vezes quiz te ver e quis rir contigo ou apenas estar?

Mas hoje sabes o que me dizes?

Que te foste e que não vives mais em Lins...

E eu voltei a lembrar que a vida não é só certeza.

E que deixar pra amanhã o que por momentos queremos fazer hoje é um erro muito grave, porque o amanhã quase sempre chega... Mas nem sempre chega do jeito que projetamos... Que planeamos.

Não quero projetar o que será do nosso próximo encontro, mas quero te dizer que muitas vezes me prendi, quando simplesmente queria te dar um abraço, ou simplesmente olhar pra ti, longamente, longamente, longamente...

Gonçalo Lacerda

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